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Artes Plásticas: Aquém e além da visão - por José Luis Porfírio

Pré-escolar de Povoa e Meadas do Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide de visita ao Museu de Tiflologia.

ATIVIDADE EDUCATTIVA E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Ao longo do mês de outubro, a Dra Laura Dias tem vindo a desenvolver um Estudo/projeto: A função social dos museus junto do público sénior - Contributos para uma Atividade Educativa, a partir de um caso de estudo no Centro de Experiência Viva - Museu de Tiflologia.

O Presente estudo está a ser desenvolvido no âmbito de um trabalho de projeto, do mestrado de Museologia.

Obrigado Laura por ter escolhido o Museu de Tiflologia para desenvolver o seu projeto.

Castelo de Vide - onde Alguns corações se encontram

 

Agosto C, Out-03-2025

 

"Passava já das duas e meia da tarde deste Domingo, o último do mês de Setembro. Castelo de Vide ficava para trás. E, afinal, mal conhecido. O tempo não ajudara, fora sempre o Céu cinzento, a chuva a nos acompanhar. Só agora, que nos íamos embora, o clarear do Céu era mais perceptível. E era terminado o primeiro Encontro Sexto Sentido "Na corrida/caminhada, como na Vida, ninguém fica para trás".

 

Ontem, pela tarde, após um saboroso almoço, que nos foi servido no edifício da Fundação Nossa Senhora da Esperança, alguns de nós acedemos à Casa Amarela, tendo percorrido uns trezentos metros até ela. Ali ficámos instalados alguns de nós, cerca de uns doze. A maioria ficou na Casa do Parque.

 

Localiza-se esta casa, a Casa Amarela, na Praça Dom Pedro V, bem no centro da vila. Casa de alojamento local, turismo de habitação, hoje é um edifício de interesse público desde 1975. O seu nome é Casa Magessi. Trata-se de um belíssimo exemplo de arquitetura barroca do século XVIII. A fachada principal é caracterizada pela cor amarelo ocre, que é invulgar no contexto tipológico de Castelo de Vide. A casa foi totalmente reconstruída em 2001, respeitando a sua traça primitiva, e está virada para a Igreja de Santa Maria da Devesa, na praça principal. No sino desta igreja, ouviam-se já as badaladas das três horas. Lá em cima, o castelo vigiava.

 

Penetrámos na casa. Fui sensível a um sentimento de hospitalidade, de conforto, ao entrar nela. Recebi a chave do quarto. Já era referido que tínhamos de nos apressar, tínhamos actividade marcada para as 15,30, horário difícil de cumprir. Enfim, tratámos de nos instalar com a maior rapidez possível e deixámos o quarto com um agradecimento pelo bom acolhimento. Tínhamos transporte para mais rápido acedermos ao momento seguinte do Encontro.

 

Este ia ter lugar na igreja do Convento de São Francisco. Este momento ia servir para nos conhecermos, falarmos sobre o Projecto Sexto Sentido, presente/futuro. Todos nós éramos cerca de sessenta, vindos do Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa. preparávamo-nos para um enorme abraço onde todos coubessem.

 

Entrávamos na igreja do convento de São Francisco. O convento remonta ao século XVI e a igreja, de planta longitudinal, é do tipo igreja-salão, com uma nave única e ampla, e capela-mor retangular. O seu aspeto interior e retábulo-mor (do período contra-reformista) datam do final do século XVI, embora tenha sofrido alterações posteriores, nomeadamente nos séculos XVIII e XIX. A decoração inclui púlpito e um retábulo de talha dourada com colunas estriadas. O retábulo lateral do Evangelho, por exemplo, é da segunda metade do século XVIII com elementos rococó. Ao longo da nave, eram vários os arcos em dourado e fundo branco, logo a partir da grande porta de entrada em madeira. Nas laterais, diversos oratórios, outras imagens religiosas em talha dourada. O púlpito, do lado esquerdo, está a uns três metros de altura.

 

Logo se me apresentava ao cimo da nave o altar, que me apontava ao espírito o sentido do divino, da meditação, da elevação ao Cosmos. Altar de estilo barroco em mármore branco. Com imagens, relevos, colunas e painéis coloridos, nos quais predominam as cores azuis, verde, vermelho e dourado. Ao centro a imagem de Jesus Cristo com uma mão levantada em gesto de bênção. Do lado direito, a imagem de um santo com um cajado e um livro; à esquerda um outro santo com hábito escuro. Num painel superior central, uma outra imagem, provavelmente a de Maria. à sua volta, inúmeras figuras celestiais, onde se destacam os tons de dourado.

 

No palco, junto ao altar, já se encontravam os nossos oradores. A sessão estava mesmo a começar. Não seria muito demorada, esperáva-nos a corrida/caminhada. Os dez quilómetros ao longo de Castelo de Vide.

 

Não vou documenttar as intervenções, embora interessantes, sobretudo a da Bárbara e a do Ruben, acredito que seria fastidioso. Mas não quero deixar de apresentar, aqui, uma bonita síntese. Esta, foi apresentada mais tarde numa mensagem do WhatsApp. e deve-se ao nosso companheiro/guia Nuno Pires.

 

"Quero deixar uma palavra sentida de agradecimento a todos os que tornaram possível o 1º Encontro Nacional do Projeto Sexto Sentido. Aos gestores e coordenadores de núcleo, pela dedicação e visão; aos atletas guias, pela entrega e compromisso; e, acima de tudo, aos atletas cegos e de baixa visão, que confiam em nós para os acompanhar em cada prova.

É um privilégio enorme fazer parte deste grupo de pessoas tão especiais, que nos ensinam diariamente sobre resiliência, confiança e espírito de equipa. Tenho orgulho em estar ao vosso lado e acredito profundamente que este projeto é mais do que desporto: é integração, é cidadania ativa, é progresso humano.

Que o futuro nos permita crescer ainda mais, tornando o Projeto Sexto Sentido uma referência nacional não só no atletismo e caminhada, mas também como um exemplo de inclusão e desenvolvimento profissional na sociedade civil.

 

Agradecer também à fundação e a ambos os alojamentos e sua equipa pelo cuidado e disponibilidade." Não se trata de uma síntese admirável, que vos parece?

 

  E eram os dez quilómetros que nos aguardavam. Ah, mas ouve-se vindo do fundo da igreja ""Está a chover! E chove bem!" Torci o nariz, dez quilómetros, e a chover? Ainda se fossem cinco! é certo que estávamos numa festa descomprometida. Ou seja, acreditava que os dez quilómetros se tornariam aqueles que fossem... Mas, preferia que o número indicado fosse cinco. Para quem corre, os dez; para quem caminha, cinco dariam uma boa marca!

 

Mas, afinal, a chuva veio contrariar os nossos desígnios. E foi posta à consideração de todos a corrida/caminhada, ou uma outra actividade, um jogo, a ser feito na igreja. A maioria foi pela segunda hipótese, eu fiquei para o jogo.

 

Sem grande demora, a Teresa Dias, do Núcleo do Porto, nos apresentou a actividade a ser feita. Foram criadas duas filas paralelas dos participantes, com igual número de pessoas. E, cada qual de frente para um outro membro que lhe correspondia na fila, apresentar-se-ia, referindo três aspectos sobre si. O seu companheiro tinha que identificar os dados referidos, dois seriam verdadeiros, um seria falso. Portanto, o opositor teria que adivinhar qual os verdadeiros, e bem assim, o falso.

 

Coube-me o Carlos Pereira, atleta de Aveiro. Cumprimentei-o, apresentei-me. Ele fez outro tanto. Os dados que me apresentou sobre si: A) Ser de Viseu mas viver em Aveiro; B) Ser magrinho; C) Tocar acordeon. No meu caso, A) Viver na Amadora, bem junto a Lisboa; B) Possuir uma quinta onde crio cavalos; C) Ter ficado cego por volta dos vinte anos. Logo a seguir, cada um com o seu par, foi apresentando os dados devidamente identificados. Isto feito ao microfone. Tornou-se um belo momento de partilha, de empatia, de contacto. Uma bonita maneira de melhor nos conhecermos, de graças a um são convívio, obtermos um salutar encontro de corações! Interessante que foi este exercício de dinâmica de grupos.

 

Mas era já o som do dedilhar da guitarra que se ouvia. Só podia ser o Ruben. Assim era. Passava pouco das nove e meia e lá estava ele, no palco, com a sua guitarra a fazer jorrar bela música. E começava a cantar... Fiel a mim! De facto, ele nada tinha a perder. A sua noite era de música; e a nossa, graças ao seu virtuosismo, graças à sua voz forte e bonita, também o ia ser! Seguiu com A Montanha na Mão. Continuou com um mix de músicas do Rui Veloso.

 

Veio a Inês. Iniciou com Falas De mais. Logo a seguir, o dedilhar do Ruben, uns acordes que me fizeram rejubilar. E, com a sua voz suave, melodiosa, a Inês cantou-nos, e encantou-nos, com Pingos de Prata, uma linda melodia que ela mesmo compôs.

 

Logo eles os dois, o Ruben e a Inês, interpretaram a música do filme A Canção de Lisboa, nova versão, interpretada por César Mourão e Luana Martau, Será Amor. E aproveitei, assim como outros, para acompanhar num trauteio unânime de todos nós.

 

Mas, que voz era aquela? A que veio a seguir. Era a Joana Rita. Que voz bonita, que força de canto, de elevação mais ao alto! Era o fado a ser interpretado por uma voz que o merecia, que o tornava mais verdadeiro! Sim, O vento passou por mim. Lisboa, é bom  falar de ti.

 

Logo, todos cantámos, ou batemos palmas, à Rosa da Madragoa. E, para terminar, É tarde, melodia composta por Sebastião Antunes. 

 

Uma outra voz, a quarta, Paula Teixeira. Mais uma bonita voz, mais uma bonita melodia, Mentalidades. Um outro momento bem agradável, Quando quiseres Sonhar Comigo. Sim, momento bonito. Que até foi aproveitado pela Paula para nos explicar, pois ela era tradutora de língua gestual, como era recebida, captada, a música pelas pessoas surdas. Fiquei a saber como se dizia sonhar, um toque no meio da testa; como bater palmas, movimentos com as duas mãos em paralelo. Brindou-nos ainda com Adeus Amor Adeus. 

 

E, pronto, terminámos o serão com A Paixão Segundo Nicolau da Viola, melodia do Rui Veloso, que o Ruben esquecera anteriormente. Mas esta, com que se finalizou o tão envolvente espectáculo, todos a cantámos. Foi um belo momento de celebração, de comunhão, todas as nossas vozes em coro, os nossos corações em júbilo!

 

Na manhã de Domingo o vento e a chuva continuavam. Desde as quatro horas de Sábado, poucos momentos houve sem chuva. Finalizávamos o nosso 1º Encontro Sexto Sentido, com as palavras do director da Fundação Nossa Senhora da Esperança, João Palmeiro, que tão bem nos havia acolhido. A quem um enorme agradecimento é devido. Ficou no ar a abertura para novos eventos. Para mim, Castelo de Vide ficava a dever-me o seu desvelamento, que eu não obtivera devido ao tempo que fizera. Até breve Castelo de Vide, então!"

Agostinho Costa | In Ondas Livrescas 

Cartaz Projeto Sexto Sentido, em Castelo de Vide no dia 27 de Setembro de 2025
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Aprendizagem e Uso do Braille reconhecidos como Património Cultural Imaterial de Portugal

É com grande satisfação que anunciamos a inscrição da “Aprendizagem e Uso do Braille” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, conforme publicação oficial no Diário da República (Anúncio n.º 248/2025, de 25 de julho).

Este reconhecimento histórico atribui ao sistema Braille e à sua prática um estatuto de bem cultural digno de salvaguarda e valorização, como expressão viva do património das comunidades cegas e com baixa visão em Portugal.

Mais do que um sistema de leitura e escrita, o Braille representa um saber profundamente enraizado nas experiências de vida, na educação, na cultura e na autonomia de milhares de pessoas. A sua aprendizagem e uso são, simultaneamente, uma conquista individual e coletiva, transmitida ao longo das gerações com dedicação, perseverança e paixão.

Com esta inscrição, Portugal reafirma o seu compromisso com a promoção da diversidade cultural, da acessibilidade e dos direitos das pessoas com deficiência, reconhecendo que o património imaterial se constrói também com os sentidos do tato, da escuta e da resiliência.

Agradecemos a todas as pessoas, instituições e associações que contribuíram para este importante passo, bem como às comunidades que diariamente mantêm viva a prática do Braille no nosso país.

Um agradecimento especial ao Professor Doutor Deodato Guerreiro, à Professora Doutora Maria Romeiras e ao Doutor Aquilino Rodrigues

A partir de hoje, o Braille passa a fazer parte oficial do património cultural de todos nós.

Mais informações:

Diário da República – Anúncio n.º 248/2025

Aliança para a Deficiência Visual visita Museu de Tiflologia

Informação sobre a Candidatura Universalista da "Aprendizagem e Uso do Braille" a Património Imaterial da Humanidade:

Como é publicamente sabido, na sequência do convite formulado, em janeiro de 2023, à Professora Doutora Maria Romeiras Amado, em Portugal, pelo Professor Doutor Joël Hardy, em França, para a constituição de uma Comissão Científica Portuguesa (CCP) para integrar Portugal na candidatura universalista, lançada em França, para a elevação da "Aprendizagem e Uso do Braille" a Património Imaterial da Humanidade, a investigadora/académica convidou o Presidente do Centro Português de Tiflologia, investigador/académico Augusto Deodato Guerreiro, e o Diretor Executivo da Sertec, Mestre em Comunicação Alternativa e Tecnologias de Apoio, Aquilino Rodrigues, para, com ela, constituirmos essa Comissão Científica, honroso convite que aceitámos muito penhoradamente.

Na primeira reunião da Comissão Científica Portuguesa, foi eleita por unanimidade o CPTEI - Associação Centro Português de Tiflologia, Equidade e Inclusão como entidade promotora/responsável pela inventariação do Braille no nosso País para integrar Portugal na referida Candidatura Universalista, cuja árdua e apaixonante proposta de investigação e inventariação submetemos ao Instituto do Património Cultural (IPC), inserida na plataforma do mesmo, em setembro de 2023.

Com todo o gosto e alegria, apraz-nos informar (também publicamente e em especial as entidades tiflológicas que nos ajudaram neste processo, quer correspondendo diretamente às nossas questões quer através de Estatutos e demais documentação elucidativa disponível online) que a nossa proposta já passou pela Consulta Direta, com todos os Pareceres Positivos, encontrando-se agora, do dia 1 de abril a 16 de maio, em Consulta Pública, conforme o publicado no Diário da República, cujo link fica aqui:

https://www.patrimoniocultural.gov.pt/salvaguarda/consultar/consultas-publicas/

 

Pelo CPTEI e pela Comissão Científica/Investigação Portuguesa:

Augusto Deodato Guerreiro.

Cartaz Dia Mundial do Braille 6 e 7 de Janeiro 2025
Dia Mundial da Música 30 Setembro 2023

RTP report 06/22/2023 
 

Report Sounds that Touch Us
 

Retirement of Professor Augusto Deodato Guerreiro

https://fb.watch/l0mWJn7EYX/

12th Ibermuseum Awards

As part of the candidacies submitted to theIbermuseos o Living Experience Center - Typhlology Museum ranked second out of 115 evaluated projects from 17 countries.
 

This recognition clearly illustrates the work carried out by the Living Experience Center - Typhlology Museum in favor of accessibility and inclusion.
 

Here is a special thanks to the team atLUME - Culture and Heritage Association and theLusófona University - University Center of Lisbon who has been collaborating selflessly for this project.

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